Demografia e produção hidropônica de alimentos

Em 2022, conforme dados do Banco Mundial, 43,1% dos habitantes viviam no meio rural e, no Brasil, apenas 12,4%. Assim, cada habitante rural precisa produzir alimentos para sete urbanos, o que tende a se agravar com o crescimento negativo da população rural em tendência irreversível.

Meio século atrás havia população rural suficiente para a produção de alimentos sem depender de habitantes urbanos nas tarefas. Era muito confortável para os produtores, pois contavam com pessoas conhecedoras e apegadas as operações rurais. Aí surgiram migrações, um êxodo rural sem precedentes na segunda metade do século 20. A redução da população rural ocorreu em sentido oposto ao crescimento da demanda de alimentos cuja base produtiva continuou na mão do produtor rural. Consequência no meio rural é a escassez de trabalhadores preparados para operações que demandam qualificação.

A impressão dos produtores é de que apenas as produções com automação terão continuidade ou serão restritos a produção familiar. Muitos os exemplos. A produção industrial de tomates é totalmente mecanizada da semente ao cultivo, colheita e industrialização. Ao contrário, tomate de mesa depende de operações manuais. Grandes cultivos de grãos, cana de açúcar e café são mecanizadas. Citros, abacates, morangos e outras frutas, apesar da melhoria dos sistemas de produção, ainda dependem do homem na colheita.

Os produtores têm dúvidas quanto ao futuro. Muitas produções serão descontinuadas e o consumidor não vai encontrar no mercado os produtos de outrora, a menos que importados a custo alto.

A demografia está relacionada com a produção e os hábitos alimentares dos povos. Para o futuro, políticas públicas direcionadas ao campo na moradia, na comunicação, na legislação trabalhista e ambiental que estimulem a preservação de populações rurais são essenciais.

De outro lado os técnicos envolvidos na orientação dos produtores, escolas, instituições de pesquisa e empresas privadas precisam cada vez mais focar em sistemas de produção automatizados. Caso contrário urbanos terão opções reduzidas de alimentos ou vão produzir os próprios alimentos em modalidades como a agricultura urbana. Um verdadeiro dilema, o apagão da mão de obra rural.

Ondino Cleante Batagua
Engenheiro agrônomo da Conplant Consultoria, pesquisador e ex-diretor geral do Instituto Agronômico (IAC)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Por que escolher o Instituto Hidroponia em Curso?

Dedicados ao cultivo sem solo.
0 anos
Interessados no setor.
+ 0 mil
Países.
+ 0 de